A política, a TV e a Igreja!

Meus dez leitores vocês sabem o que penso a respeito de política na Igreja. Antes de prosseguir não sou um analfabeto político, nem imagino que não deva existir político evangélico. A questão é a seguinte: que eles se elejam, sem depender de salamaleques nas igrejas. É muito simples: Quer ser candidato? A Lei garante a qualquer pessoa este direito. Agora se eleger por conta da benesse desse ou daquele pastor, aí não dá. Tenho vários amigos políticos, vereadores, prefeitos, deputados. Já trabalhei para alguns deles, etc. Então, conheço um pouco do funcionamento do lado de dentro.

Primeiro, temos a Lei 9.504/97 que proíbe a propaganda política em igrejas. Segundo, não é possível ou razoável priorizar todos os candidatos, fica então configurada a preferência por este ou aquele nome, ferindo o princípio da isonomia. Terceiro, é de extremo mau gosto e aético atrapalhar ou interromper um culto para tal propaganda. Quarto, não temos ensinado corretamente nosso povo a votar. A maioria de nossos membros, a exemplo das demais pessoas, não sabe as atribuições dos três poderes. Muitos, aliás, não sabem nem que a classificação existe! É terreno fértil para todo tipo de manipulação. Lembro, por exemplo, de uma jovem à qual perguntei em qual candidato votaria. Ela me disse um nome, eu perguntei por que? Ela explicou: “Não tem outro candidato que traga mais cantores para nosso Estado!”

Mas há uma questão muito maior. Eu estava numa reunião ministerial, quando fui perguntado sobre o que achava do apoio a determinado candidato. Respondi que não podíamos bancar o jogo político. Isso! Poucos sabem que a política é um jogo pesado no qual se empenha, se necessário e para ser dramático, a própria mãe! O político não mede esforços para ganhar uma eleição (embora diga o contrário) ou angariar mais poder e dinheiro. Especialmente, com as deficiências que temos.

Onde a TV entra nisso? Li dias atrás que a Globo, por conta da rejeição à novela Babilônia (duvido…!), tem estreitado os laços com as igrejas. Recebeu pastores, fez um tour por instalações, etc. Hoje, leio da Record seguindo o mesmo caminho. Novamente é um jogo bruto. Não temos condições de bancar. Os interessados na ponta estão apenas preocupados com que espaço ganharão. Aparição em programas, como, aliás, já aconteceu com alguns expoentes evangélicos, espaço na grade, etc. Em troca engoliremos sapos de bom tamanho. Enquanto as TVs engordam a audiência. Eles percebem que os crentes tem outras prioridades e nos querem à frente da telinha.

O SBT já faz esse jogo com o Raul Gil. No mesmo palco atrações evangélicas e outras não. Os que desejam a fama são obrigados à descaracterização. A única vantagem é pessoal. O reino de Deus, se ganha, ganha muito pouco. É uma igreja edulcorada, desfigurada, que aparece. Há quem veja vantagem… Diz-se que o sapo colocando em panela fervente pula, mas se colocando em água fria, que vá esquentando gradualmente, acaba morrendo cozinhado sem perceber.

E, pastores, nunca me esqueço do deputado que me aguardava para uma reunião, enquanto atendia uma pessoa,que não sabia quem era. Ao terminar a reunião, adentrei sua sala e fui recebido nos seguinte termos: “Sabe quem é esse que saiu aí? Respondi que não. É o pastor Fulano de Tal. Suas ovelhinhas estão na minha mão!” Que choque! O pastor havia trocado o voto de sua igreja por um emprego para um parente, por um terreno, por uma benfeitoria, por um cargo comissionado. É triste se ver tal barganha com o reino de Deus. Nunca me esqueci da notícia abaixo (grifos meus), publicada no Blog do Josias de Souza, jornalista da Folha de São Paulo, em 2006:

Em fase de crescimento, PSB negocia ministérios

  Folha Imagem
Eduardo Campos, governador eleito de Pernambuco e presidente do PSB, será recebido nesta segunda por Lula. Vai conversar sobre a participação da legenda na “coalizão” do segundo mandato. Os socialistas entram na negociação em plena fase de crescimento. 
Na bica de ser expulso do MD (ex-PPS, ex-partidão), o governador reeleito de Mato Grosso, Blairo Maggi, negocia com Campos sua transferência para o PSB. Embora seu nome evoque um famoso caldo culinário, Maggi representa para o PSB uma espécie de cereja de um bolo de adesões.

A legenda presidida por Eduardo Campos tornou-se, no Congresso, uma das portas de acesso ao consórcio parlamentar de Lula. Saiu das urnas de 2006 com 27 deputados federais. Estima-se que, ao raiar o ano de 2007, já terá algo como 40.

Na semana passada, a direção do partido mostrou-se preocupada em administrar o assédio. Os aderentes vêm de vários recantos partidários –do PDT a um tal de PMN. Avalia-se que estão de olho nas benesses servidas na arca governista, não no ideário socialista.

“Não podemos crescer de qualquer jeito”, disse Eduardo Campos a outros dirigentes do PSB, em reunião na última quinta-feira. “Gente que quer entrar no partido apenas para fazer parte da base do governo não nos interessa. Daqui a pouco estamos filiando pastores de igreja evangélica.”

Vá lá que o PSB feche as portas aos pastores. Mas um pouco de audiência na igreja não lhe fará mal. Os socialistas são vistos como uma espécie de primo pobre da grande família partidária que se forma em torno de Lula.

Ano que vem teremos eleições. Eles adentrarão nossas igrejas, cantarão nossos hinos, portarão até uma Bíblia. Um ou outro, aqui e acolá, sentarão até em nossos púlpitos (já ouvi até de candidato adúltero tocando música em violão no aniversário de pastor). E rirão de nossa cara. Depois vão e propõem pautas contra nossas crenças e valores.

Pra finalizar não me venham com essa história de candidato crente, chapa puro sangue evangélica, pastor candidato, etc. Eu não me comovo. O jogo é pesado e o alvo da Igreja é outro. Mormente, interesses inconfessáveis permeiam tais apoios. Quando nada acontece, aquele irmão preterido cria revolta e desconforto quando não é eleito.

Que qualquer irmão seja candidato, que se eleja. Ainda não conheci um que não entrasse em alguma jogada, uma votação inescrupulosa, uma opção demagógica, uma ajuda com interesse secundário, uma saída aética. Se está em campo é pra jogar.

Para ter uma ideia ampla do jogo leia: Os votos de Deus, Editora Massangana:

Os votos de Deus - Massangana

Os votos de Deus – Massangana

Sobre o autor | Website

Meu nome é Daladier Lima dos Santos, nasci em 27/04/1970. Sou pastor assembleiano da AD Seara/PE. Profissionalmente, trabalho com Tecnologia da Informação, desde 1991. Sou casado com Eúde e tenho duas filhas, Ellen e Nicolly.

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1 Comentário

  1. Miqueas Cipriano disse:

    Para conseguir um evento no CHevrolet Hall os organizadores de shows gospel abraçaram a Rede Globo, o que me impressiona é que antes alguns dos meus colegas que organizam tais eventos tinha a Globo como o canal do diabo e hoje não mais. Terei que perguntar a eles na próxima oportunidade: “Jesus comprou esse canal 13”.
    Outra sobre politica o que me chama atenção e me deixa emocionado é que as grandes concentrações e trios elétricos só acontecem em ano eleitoral.rssssssssssssss
    É hilário também ver pastores que não tem nem o voto de sua esposa como garantia de nada a prometer o voto de membros para candidatos agiotas partidários!