A vitimização e o coitadismo na política e na Igreja

Prezados, 180 leitores, a reflexão que trazemos é de suma importância para nossos dias. Porém, é um tema mais fácil de exemplificar que definir. Vamos por partes…

Ontem, assistia a um programa do National Geographic sobre pessoas pegas com drogas no Aeroporto da Colômbia. A maioria esmagadora negava o porte ou qualquer envolvimento, até que fosse confrontado com as provas. No caso mais emblemático, um rapaz mexicano foi radiografado com cápsulas em seu estômago e negou veementemente. Até que um laxante lhe foi administrado e ele expeliu cerca de três quilos de cocaína. Daí ele chorou, se desesperou, etc.

Um policial evangélico amigo foi dar uma palestra sobre drogas e contou que ao chegar na residência de um suspeito a mãe dele saltou em sua defesa. Evangélica, do tipo que “cria os filhos na Igreja”, falou em línguas (que não eram as estranhas de Atos!) e até profetizou que Deus ia castigar o agente da Lei, etc. Mas as provas foram encontradas e ela teve que se contentar com a realidade. Obviamente, não pediu perdão ao soldado, nem reclamou do filho, resignou-se em sua condição.

Aécio detonou Dilma no clássico debate em que a presidente quase desmaia de tanta pressão do oponente. Lula foi aos holofotes: “Isso não se faz com uma mulher”. Ocorre que esta “frágil” mulher de que Lula fala era uma comandante de uma organização terrorista, a VAR-Palmares, acusada de sequestros, roubos e assassinatos em nome da implantação do comunismo no Brasil. Eles não lutavam por democracia… Dilma fez a cena e seus defensores apontaram o ataque “machista”. Ganharam a eleição, não apenas por esta razão, evidentemente, e o resto é história.

Numa determinada reunião uma liderança foi acusada por várias pessoas de assédio sexual. Ele se debateu e recriminou o comportamento dos demais. Como não havia provas materiais, somente versões, narrativas e informes ficou complicado um veredito. Em dado instante, ele se vira para um ou outro participante: “Admiro você, Fulano, vir aqui me acusar desse jeito?”, a outro “Nunca pensei que você tivesse coragem para isso”, ou ainda, “Estão querendo queimar o meu filme, para me tirar do cargo e arranhar minha reputação”. Boa parte dos informes mostrou-se procedente, mas ele foi salvo pela generosidade de um amigo.

Um vereador conhecido, já falecido, foi acusado de corrupção. Defendeu-se dizendo que não sabia ler, por isso assinara os cheques aos quais foi dado um destino divergente do objetivo. Só que um desses destinos era sua própria empresa, que viu o faturamento multiplicar, como só acontece no Brasil. A regra mundial é sucesso só vem antes do trabalho no dicionário. No Brasil o sucesso vem se você tiver QI (Quem Indique)! Ele chorou, se debateu, fazia dó. O Ministério Público não se comoveu. Ele teve de arcar com as consequências e morreu no ostracismo.

Os rumores começaram a crescer sobre uma suposta gravidez de irmã, jovem e solteira, que namorava um rapaz da Igreja. O maestro do conjunto veio ao pastor e narrou os acontecimentos. Este fez uma reunião e abordou a questão. A moça se defendeu, dizendo que estava tomando alguns antialérgicos e por isso estava com mais peso. O pastor irado, disciplinou o maestro. Seis meses depois da conversa Celestone nasceu! Aí o pastor disciplinou e suspendeu a irmã por um ano.

Então!? Já deu pra entender a questão? A vitimização é o refúgio dos faltosos. Claro, claro, há acusações infundadas, casos mal esclarecidos e questões as mais diversas. Mas boa parte dos casos é procedente. Um comportamento padrão da vitimização é:

  1. Negar as evidências;
  2. Chorar para impressionar;
  3. Fazer um teatro;
  4. Descobertas as provas, culpar os outros, a pobreza, isso ou aquilo.

O mais incrível é que os faltosos que se vitimizam são aqueles que se julgam mais caluniados e criticados!

A vitimização impede que assumamos nossas responsabilidades. Jesus nunca se fez de vítima. No máximo, constatou realidades. É o caso da famosa declaração: “Em verdade vos digo que nenhum profeta é bem recebido na sua pátria.” de Lucas 4:24. Por outro lado, Jesus nunca usou sua pobreza como fator de impedimento para o desenvolvimento de seu caráter. Quando acusado de “injustiça”, suplantou os episódios graciosamente. Lembro da mulher siro-fenícia (Mateus 15:21-28) e do imposto cujo valor foi encontrado na boca de um peixe (Mateus 17:24ss). Esse negócio de um Jesus fazendo justiça social é coisa de esquerdopatas do miolo mole.

A Igreja precisa confrontar as acusações. Elas virão de toda parte. Desde as justas faltas cometidas, quanto às injustas calúnias. Vitimizar-nos não vai resolver o problema, muito menos divagar. Precisamos assumir nossas responsabilidades. E fugir da auto-vitimização.  Que é justamente quando uma pessoa ou instituição se coloca no papel de vítima ou pessoa perseguida para anular críticas, opiniões ou objeções contra as quais não consegue contra-argumentar. Esse comportamento nem é ético, nem bíblico. Pensar que estamos imunes às críticas é o refúgio dos ingênuos e todos são “acusáveis”. Quem nunca ouviu falar que não estamos imunes às críticas? É como lidamos com elas que vai fazer a diferença!

Lembro muito bem da irmãzinha pilhada roubando dinheiro do caixa da loja. Ela negou, depois confrontada com os fatos admitiu. Por fim, disse que o problema é que seu pai estava doente e ela precisava comprar remédios. O gerente, crítico de evangélicos que eu conhecia de alguns entreveros anteriores, retrucou: “Fulana, você orava e Deus mostrava uma saída. Não precisava fazer isso. Agora você vai ser demitida porque perdemos a confiança. Como será para seu pai?”. A burra de Balaão falando para os profetas da nossa era.

Na maior parte dos casos, a suposta “vítima” confunde sua cosmovisão com cláusulas bíblicas, sua posição com um chamado divino inquestionável, ideologias com pessoas, apologética com ofensa pessoal, e no fundo revela certa falta de modéstia em admitir que ela ou as ideias que defende podem estar simplesmente erradas. Não é raro descambar para a mania de perseguição, depressão e outros quadros psico-traumáticos.

O coitadismo é típico dos evangélicos, especialmente, da liderança. Não à toa hinos que massageiam nosso ego e ocultam nossa responsabilidade são tão difundidos. Cultos de alta patente estão cheios de pessoas assim. Tempos atrás, escutei um preletor do Sudeste numa determinada reunião. Ele narrava que algumas pessoas faziam críticas ao seu estilo centralizador na direção da Igreja. A certa altura enfatizou com gravidade: “Quem quiser usufruir do que temos hoje, tem que ralar como eu ralei!”. Ou seja, confundiu pedantismo com pedagogia. Igual a outro pastor de determinado Estado que foi consagrado jovem ao pastorado, mas não consagra jovens pastores por falta de maturidade. E o que ele era!?

Tenho acompanhado diversos debates nas redes sociais. Críticas internas tem sido expostas nas conversas on-line e todos querem opinar. Evidentemente, há exageros. Mas há as críticas legítimas que muitas vezes não fluem pelos canais tradicionais, seja por falta de receptividade, por indiferença da liderança ou por…pasmem!, ausência dos tais canais! A Igreja não pode se omitir. A resposta institucional é pacificadora e reflete uma ligação com o mundo real. Do contrário o problema só se agrava. Fazer de conta que os críticos são apenas e somente uma massa de desocupados não resolve o problema. Muito menos se fazer de coitado.

O que falta a muitos de nós é humildade para compreender os próprios erros e coragem para mudar a trajetória de modo a sanar os problemas. Enquanto contribuímos para a manutenção dos próprios estereótipos. É como aquela pessoa que reclama de ser considerada chata, ao mesmo tempo que contribui para que as queixas contra ela se mantenham. E não percebe que ela própria se exclui das relações com as pessoas e não o inverso.

A vitimização acaba corroendo a chance de sucesso de pessoas e organizações. É o que acontece ao Brasil com seu crônico coitadismo. Todos são coitados e o próprio País não se desenvolve, segundo nossos políticos, porque as outras nações conspiram contra nós. Nelson Rodrigues chamava isso de complexo de vira-latas. Na verdade, somos nós que conspiramos contra nós mesmos!

E por que eu intercalei um relato cotidiano com os eclesiásticos, lá no início do post? Ora, a Igreja está cada vez mais parecida com o mundo, especialmente o sistema político-partidário brasileiro. No caso da política o coitadismo se traduziu na maior ladroagem da história do País. No sistema eclesiástico vamos ver no que vai dar. Já há muitas lágrimas rolando ladeira abaixo. Só espero que não seja tarde demais para resolver os problemas. E, pessoal, vamos parar de mimimi e enfrentar as críticas com ação!

Melhor é o fim das coisas do que o começo (Eclesiastes 7:8).

Link do programa da National Geographic aqui.

Informação sobre Dilma na VAR-Palmares aqui.

Sobre o autor | Website

Meu nome é Daladier Lima dos Santos, nasci em 27/04/1970. Sou pastor assembleiano da AD Seara/PE. Profissionalmente, trabalho com Tecnologia da Informação, desde 1991. Sou casado com Eúde e tenho duas filhas, Ellen e Nicolly.

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11 Comentários

  1. Alexandre Tokiwa disse:

    Como sempre pastor nos abençoando com matérias ricas em conteúdo e verdades….Deus continue te abençoando.

  2. Victor Magalhães disse:

    muito bom e bem coerente

  3. vanaildo antonio disse:

    digo só uma coisa os lideres religioso vendem o voto de toda igreja, para esses politicos na cara dura.

  4. vanaildo antonio disse:

    AQUI EM SP OS GRANDES MINISTERIOS JA TEM SEUS CANDIDATOS E PREGAM, SE ALGUEM VOLTAR EM OUTRO É ATE EXCUIDO DESLIGADO ISSO É NORMAL NAS ADS AQUI EM SP TODOS OS MINISTÉRIOS LIGADO A CGADB.

  5. Wallace disse:

    amado, o layout de seu blog está quebrado, é difícil compartilhar ou curtir.

    muito bom post, anyway.

  6. Robson Aguiar disse:

    Pastor Daladier, li sua postagem e confesso que por um momento pensei estar escrevendo junto com o amigo, tal a concordância de nossas ideias. Nada a acrescentar, senão a ratificar e dar graças ao osso bom Deus por ainda manter profetas nesses dias tenebrosos. Abraços.

    Robson Aguiar

  7. Robson Aguiar disse:

    Em tempo, onde se lê “osso” leia-se “nosso”

  8. Pobre daqueles que são vítimas dessas pessoas atormentadas pela síndrome do coitadismo! Haja muita paciência, Deus nos livre delas! Oremos para que se convertam de verdade.

  9. Mario Sérgio disse:

    É como vc bem coloca amigo: a igreja hoje (principalmente a liderança) absorve os valores e práticas do mundo. Um pena mesmo, pois deveria fazer a diferença. Abs!

  10. Mastin disse:

    Meu pastor Daladier. O senhor é uma benção. Deus continue fortalecendo o senhor.

  11. Almanakut Brasil disse:

    Ódio Esquerdista, Vitimismo Negro e Coitadismo Feminino

    Olavo de Carvalho TV – 26/01/2016

    https://www.youtube.com/watch?v=ppRIwNARei0

    A Maior Frase (e profecia) de Todos os (SB)Tempos

    https://almanakut10.wordpress.com/2013/06/26/a-maior-frase-e-profecia-de-todos-os-sbtempos