Os farrapos de poder assembleiano

O poder assembleiano está ameaçado? Em declínio? O que a criação de uma nova Convenção Geral vem nos dizer sobre a realidade que se impõe? Vem comigo!

Prezados 300 leitores, como já falamos aqui o próximo dia 02/12, marcará, oficialmente, o lançamento de mais uma Convenção Geral assembleiana, a CADB. Para a maioria dos assembleianos é um grande cisma, etc, mas para os observadores mais atentos é só mais um espasmo de um doente. Não que os milhares de pastores que já deixaram a CGADB não façam falta, todos podem negar de pés juntos, mas dinheiro de anuidades não dá em árvore. A igreja também vai bem, andando a passos largos para cumprir a missão.

A razão de ser desse post é outra. Constatamos com esse acontecimento mais um passo em direção a mais fragmentação ainda. As lideranças assembleianas optaram desde o início por um modelo perigoso. Surgiram logo, logo, os pastores presidentes, as delimitações territoriais, a concentração de poder, as oligarquias*, as eminências pardas**. Viemos sobrevivendo apesar de toda essa estrutura arcaica. Posso estar enganado, mas as engrenagens estão se virando contra os criadores.

Há algumas variáveis que se impuseram e que vão cobrar um alto preço do sistema em vigor. Sim, é um sistema que alimenta outros sistemas e se retroalimentam, muitos dos quais bem distantes da vontade de Deus. Não há dúvidas que muita coisa é pura carnalidade em seu pior nível. Não há como pensar diferente. Uma das grandes variáveis é a internet. Sua impressionante capilaridade traz as questões interna corporis para o dia a dia do membro comum. As últimas eleições da CGADB, por exemplo, foram esmiuçadas dia após dia na grande rede. Grandes grupos nas redes sociais repassavam as informações e o resto é história.

Como toda concentração de poder o status quo foi perdendo a guerra da informação. É que pilhados com a boca na botija adotaram o procedimento padrão: se vitimizar e se esconder. Houvesse transparência e interesse neutralizariam com contra informação, mas fizeram a pior opção. Até hoje diversas perguntas feitas aqui no blog continuam sem respostas. Em tempos de sociedade da informação é algo mortal.

Outra variável crítica é que o conto do rei está nu não funciona mais. Ouço falar de membros que questionam decisões do pastorado de maneira respeitosa com um simples e-mail. Sim, agora é possível esboçar as ideias de forma respeitosa, mas taxativa e de modo que efetivamente chegue ao destinatário. Antes isso era difícil, em muitos lugares impossível. Muitos pastores estão atabalhoados. Batendo cabeças em gabinetes, impotentes com a nova realidade. Não foi falta de aviso, até porque a realidade não se instalou de imediato. É que cegos pelo próprio poder não perceberam o problema. Não poucos dão de ombros e fazem cara de paisagem, mas isso só aumenta o preço a ser pago para resolver a equação.

Há outras variáveis, mas como meu tempo é curto arriscaria apenas uma terceira: o esvaziamento de poder da CGADB. Como sabem, em 1989 surgiu a primeira grande dissidência: a Madureira. Certamente os que tomaram a decisão naquela altura de manietar a convenção rebelde imaginavam que poderia subjugá-la. Tanto confiaram nisso que não reclamaram a marca. A História provou o contrário. Hoje quem atrapalha a CONAMAD é a administração da própria Convenção.

A CGADB por sua vez não apita em campo algum, não consegue harmonizar a governança corporativa dos filiados, não consegue fazer valer seu próprio estatuto. Nesse vácuo vão surgindo inúmeras convenções e ministérios Brasil afora, dos quais a entidade não toma nem conhecimento circunstancial. Muitos desses pequenos ministérios que não eram representados agora irão se filiar à nova convenção geral.

Mas outros não se filiarão a nada. Permanecerão seu trabalho por conta própria. Enquanto o poder e a liderança da AD sangra e se esvai. Um baita choque de realidade…

* Dá-se o nome de oligarquia ao governo de um grupo privilegiado não apenas em poder, mas em dinheiro. É um grupo, muitas vezes familiares do presidente, que está ao seu redor para blindá-lo de eventuais ataques e ameaças institucionais e que são regiamente remunerados para isso. Praticamente, todas as ADs brasileiras possuem uma configuração deste tipo. É típico do episcopado. Embora somente à liderança maior caibam as decisões, ele precisa de um grupo que encabece o apoio.

** Eminência parda é aquela pessoa que parece não ter influência, mas tem. Predominam aqui os familiares, mas há outras configurações. As eminências pardas se encarregam de sondar o ambiente e trazer informações, funcionando como pombo correio da administração.

Sobre o autor | Website

Meu nome é Daladier Lima dos Santos, nasci em 27/04/1970. Sou pastor assembleiano da AD Seara/PE. Profissionalmente, trabalho com Tecnologia da Informação, desde 1991. Sou casado com Eúde e tenho duas filhas, Ellen e Nicolly.

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3 Comentários

  1. Eneias Silva disse:

    Disse tudo meu nobre! Infelizmente o que eu sempre temia, está acontecendo. O descontentamento é geral, o sistema falho e obsoleto, as escolhas equivocadas. Esperar o que então?

  2. souza disse:

    Acredito eu que essa nova convenção CADB em pouco tempo sera a convenção principal das AD do Brasil, tendo em vista que a convenção cujo eu faço parte esta dando um pressão violenta em nosso presidente para nos desfiliarmo da CGADB, e irmos para a nova CADB, olha que a minha convenção tem apoiado essa nova gestão mas pelo jeito a vaca foi pro brejo e esta na hora de pular desse barco furado sem rumo chamado CGADB, antes que todos nós nos afoguemos

  3. Miqueas Cipriano disse:

    Ainda bem que Jesus não participa dessa arena. Acredito que toda essa politicagem é no minimo amor pelas almas do nosso Sertão do Agreste, ou seja, haverá uma convenção dessas aí que instalará sua SEDE no Sertão pernambucano!