Quem poderá salvar-se!? O jovem rico?

Os encontros de Jesus são exemplos poderosos e arrebatadores. Praticamente todas as pessoas que se encontraram com o Mestre foram transformadas. Tiveram suas vidas mudadas de forma radical, sendo impactadas ora por sua mensagem, ora por suas mãos. A tocante narrativa do jovem rico quebra a sequência, entretanto, não é uma história fora do padrão, mas uma lição importante contida na Bíblia.

A história

A história está narrada em Mateus 19:16, Marcos 10:16 e Lucas 18:18. João não a menciona. Vamos harmonizar as três narrativas. Jesus estava nas últimas semanas do seu ministério, logo no capítulo seguinte, conforme Marcos 11, o Mestre estará entrando em Jerusalém. Ele havia circulado pela margens do Jordão, ensinando, curando e desenvolvendo seu ministério. E, então, se aproxima um jovem e rico príncipe, que lhe faz uma indagação sincera: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?

Ora, a pergunta era crucial e pouco tinha a ver com ser bem sucedido, se dar bem. Tinha ver com as inquietações daquele moço. De fato, dinheiro não compra paz de espírito. Aliás, não compra felicidade, amor, amizade verdadeira, fé, salvação, saúde e uma série de coisas que nos trazem bem estar.

Lucas demonstra que pouco antes Jesus estivera num debate teológico sobre a falsa justiça dos fariseus. O que ele queria demonstrar é como é vã a nossa fé, confiando naquilo que fazemos, ou no quão bom nós somos, como damos esmolas, como ajudamos os necessitados. Ele não desmereceu a importância de tais coisas, mas enfatizou que nada poderiam fazer para salvar alguém. As pessoas precisavam de algo mais.

A resposta de Jesus

Jesus começa pela própria colocação do jovem rico. Ele havia chamado Jesus de bom e de mestre. Duas coisas difíceis para um conhecedor da Lei, que sabia que somente alguém treinado nos ensinos rabínicos seria chamado de Mestre e bom só havia um que era Deus. Se ele atribuía a Jesus tais títulos seria obrigado a tal reconhecimento ou o tinha em elevada estima.

Mas Jesus não facilita: “Conheces os mandamentos?“ e começa a falar de alguns: Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; não defraudarás alguém; honra a teu pai e a tua mãe; ama a teu próximo como a ti mesmo…

O jovem devolve na mesma moeda: “Tudo isso tenho feito desde a mais tenra mocidade”. Ele não sabia é que Jesus estava só ensaiando a resposta mais desafiadora, que envolvia seis decisões dificílimas:
1) Vai
2) Vende tudo o que tens
3) Reparte com os pobres
4) Vem
5) Toma a cruz
6) Segue-me

As três narrativas são unânimes ao destacar a sua tristeza. A NTLH diz que fechou a cara. Ele foi embora cabisbaixo sem dizer palavra, encontrara Jesus, mas não encontrara salvação. Mas não triste de qualquer maneira. Timothy Keller[1] nos ensina que Marcos utiliza o verbo lypeô, que seria traduzido melhor por angustiado, exatamente como Jesus estava em Mateus 26:37, no Jardim do Getsemâne. As palavras de Jesus haviam mexido com o mais interior daquele jovem. Era tudo em que ele confiava e do que não queria se afastar. Porém, ao contrário, o que tornava Jesus angustiado era se afastar de seu Pai!

Marcos informa que Jesus olhou para aquele jovem e o amou (v. 21). Há várias razões para isso. Porque o queria salvar, porque o via perdido em seus pensamentos, porque o via tentando seguir meras regras, agradar aos homens, etc. Mas também porque assim como aquele jovem, Jesus era rico e abriu mão de tudo para cumprir a vontade de Deus. O convite que Jesus fez àquele homem não foi algo que ele nunca tenha feito. Por vezes achamos que o nosso esforço é exagerado, mas Deus fez muito mais para nos salvar.

Mas, espere, no nosso contexto amar alguém significa condescender com suas atitudes, amenizar uma dificuldade, diminuir as exigências, até fechar os olhos para erros menores. O tradicional fui com tua cara. Com Jesus não. As mesmas regras, as mesmas exigências, a mesma renúncia. Ou nos enquadramos nos padrões do Mestre ou seguimos nossa própria estrada. O jovem não suportou as exigências e foi embora triste.

A história se encerra com a famosa colocação de Jesus dizendo que é mais fácil um camelo entrar no fundo de uma agulha, do que um rico entrar no reino de Deus. O problema, porém, não era a riqueza, mas levar a cruz e renunciar ao mundo. Ao que é retrucado: “Quem pode, então, se salvar?” Ele ensina magistralmente: “Para os homens é impossível, mas não para Deus, porque para Deus todas as coisas são possíveis” (Marcos 10:27).

Com as últimas palavras deste texto Jesus ensina que mesmo com todo esforço (lembra das decisões que estavam à frente do jovem?) a salvação é algo sobrenatural. Impossível de ser compreendida pela mente humana. Inegável é que é indispensável renunciar e seguir o Mestre, crendo que Ele é capaz de nos dar um tesouro maior que as riquezas deste mundo: a salvação eterna!

Encontre Jesus hoje e não perca a oportunidade de ser salvo!

[1] Keller, Timothy, A Cruz do Rei, Vida Nova

Sobre o autor | Website

Meu nome é Daladier Lima dos Santos, nasci em 27/04/1970. Sou pastor assembleiano da AD Seara/PE. Profissionalmente, trabalho com Tecnologia da Informação, desde 1991. Sou casado com Eúde e tenho duas filhas, Ellen e Nicolly.

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3 Comentários

  1. Miqueas Cipriano disse:

    Linda e maravilhosa postagem. Me fez consultar a NTHL, NVI e até A MENSAGEM. Parabéns meu Amado Pastor. Só Deus pode te recompensar por essas pérolas que enriquecem o nosso conhecimento e ampliam a nossa visão espiritual. Para finalizar, olhando numa perspectiva da psicanálise, a pergunta de Jesus mexeu com o EGO do POBRE RICO RAPAZ. As riquezas lhes eram a principal fonte do sentido de prazer. De certa forma, as riquezas, ou melhor, a prosperidade é o sonho e maior desejo dos cristãos desse século. Fico a imaginar um diálogo de Jesus com qualquer um de nós, hoje. Como se expressaria o nosso rosto, após, a resposta destronante do simples Carpinteiro da Galileia!?

  2. Elton Costa disse:

    Maravilhoso texto!

  3. A salvação é o bem mais precioso que podemos ter! Nada se compara ao amor de Deus por nós, naquela cruz, através de Jesus Cristo.
    A ideia de inferno, de condenação eterna, de choro e ranger de dentes não deveria ser o motivo de nos achegarem a Deus, a Cristo, embora seja algo muito atormentador! Mas, o simples fato de Deus ter nos dado um bem tão precioso — sem merecermos! — já deveria ser motivo suficiente para amarmos a Ele, independente de qualquer outra coisa.