Retenção de ofertas: uma variável crítica!

Prezados, há dias venho conversando com diversas pessoas sobre um assunto importante: a retenção de ofertas por membros em geral, para administração a seu critério. Por acaso, numa conversa informal há alguns meses fui informado por um interlocutor que não mais dava o dízimo em sua Igreja. Os motivos apontados seriam os mais diversos: falta de transparência, incerteza quanto à correta aplicação do valor, informes de desvios, etc. Eu já tinha ouvido aqui e ali falar do assunto. E para mim, que sempre fui dizimista e ensino as pessoas a fazerem o mesmo, causou certa surpresa.

Fui às ruas. E constatei, admirado, que há, sim, inúmeros irmãos adotando esta prática. Uns compram cestas básicas e dão a necessitados, outros enviam a missionários no Sertão, outros financiam ministérios nascentes de outras denominações. Ouvi de irmãos que compram bens para o serviço no campo missionário e enviam sua oferta para lugares distantes, até no Exterior. Outros enviam diretamente para um missionário, sem intermediários. Outros compram bens para congregações, como bancos, caixas de som, iluminação. Encontrei até quem financiasse terreno! Puxa vida, o que estaria acontecendo?

Para a maioria o problema é com a ausência de prestação de contas em suas igrejas. Boa parte das pessoas com quem conversei não mais confiam na aplicação dos recursos por seus líderes. E há duas percepções preocupantes: 1) Que o dinheiro não estaria sendo aplicado na finalidade básica à qual se destina, financiando o patrimônio pastoral e familiar; 2) Que a administração financeira das igrejas é uma caixa preta da qual, quando muito, apenas uma pequena quantidade de pessoas tem ciência.

A primeira percepção se potencializou com as redes sociais nas quais se propagam informações de desvios financeiros eclesiásticos em termos nacionais[1] e locais. Mesmo relutante, tendo a pensar que a se consolidar esta tendência pastores e líderes terão uma variável crítica para administrar. Porque se falta dinheiro, tudo fica mais complicado. Parece que um pouco do que está acontecendo no Brasil está respingando entre nós e as exigências por transparência se multiplicam.

Penso que um cristão dizimista não deve alimentar tal preocupação. Ele simplesmente oferta e deixa que seu pastor administre. Por outro lado, a transparência deve sim ser uma diretriz a ser perseguida por qualquer organização. Max Geringher[2] avisa que a rádio patrão se desfaz tão logo as informações se tornam conhecidas de todos. Se tudo está correto na administração financeira da organização não há porque se preocupar em expô-la. Afinal estamos lidando com dinheiro alheio, as pessoas são cada vez mais informadas e querem estar a par do correto destino de seus dízimos e ofertas. Vivemos numa era de grandes transformações. Antes uma ou outra pessoa não ofertava porque não queria ou não podia, agora está virando punição?

Vou continuar acompanhando e informo as novidades…

[1] Vídeos, por exemplo, do Pr. Silas Malafaia expondo desvios da CGADB possuem altíssima visualização para os padrões evangélicos, além de estar disponíveis a qualquer um que queira formar juízo de valor

[2] Max Geringher é um consultor organizacional

 

Sobre o autor | Website

Meu nome é Daladier Lima dos Santos, nasci em 27/04/1970. Sou pastor assembleiano da AD Seara/PE. Profissionalmente, trabalho com Tecnologia da Informação, desde 1991. Sou casado com Eúde e tenho duas filhas, Ellen e Nicolly.

Insira seu e-mail aqui e receba as atualizações do blog assim que lançadas!

100% livre de spam.

Para enviar seu comentário, preencha os campos abaixo:

Deixe uma resposta

11 Comentários

  1. Excelente comentário. Essa é realmente a atual realidade em nosso meio. Que Deus abra o nosso entendimento para que possamos “administrar” isso da forma correta.

  2. Miqueas Cipriano Mendes disse:

    Graça e Paz Amados!
    O artigo que acabei de ler é muito importante e de grande relevância para os nossos dias; o dízimo é algo importante para mim e quanto a administração dele, creio eu, não compete a mim. Pago com fé e sem usa-lo como barganha para se alcançar as bênçãos de Deus que faz nascer o sol para os justos e injustos, porém, Ele o Deus de Moisés, faz a diferença entre o que serve e não serve a Deus. Dízimo para mim estar na gêneses, formação e educação cristã pela qual estou alicerçado. Foram os meus pais que me ensinaram desde os “Cruzados e Cruzeiros”, moeda antiga brasileira pagar o dízimo, dos centavos que eu ganhava deles. Meu pai até me falou lá por volta dos anos (85-87), que em nenhum momento Abraão questionou a Melquisedeque quanto a administração do dízimo, sendo valido frisar que meu pai, pouco ia a EBD. Agora uma coisa é certa, os que não pagam seus dízimos são os que mais cobram benefícios da Igreja, isto é, no templo. Continuo a pagar o meu sem me preocupar, com o que o Rev. Caio Fábio e Irmão Rubens, nos youtubes da vida possa pensar. A administração dos dízimos e ofertas ficam com o TSFRC (Tribunal Supremo Federal das Regiões Celestes), que é a esfera única que não compactua com os devaneios dos donos da razão.

  3. José Francisco disse:

    Cada lado deve fazer sua parte, penso eu. Os Pastores deven ser mais transparentes na prestação de contas.
    Além da maneira que Paulo tratava o recolhimento e o fim a que se destinava. Não encontro nas Escrituras esse formato de administração ( caixa preta). Que gera espaço para questionamentos naturais. Por outro lado, quando os membros observam os trabalhos sendo feitos, questionam menos. Não se pode fazer campanha para tudo.

  4. Eneias Silva disse:

    Não vivemos sob a Lei de Moisés:

    “Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo”. (Gl 2.19)

    “Ora, a lei não procede de fé, mas: Aquele que observar seus preceitos por eles viverá” (Gl 3.12)

    “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão” (Gl 5.1)

    3. Os que se utilizam de Ml 3.10, acabam por incorrer na alegorese, ou seja, no abuso de uma interpretação fundamentada na escola alegórica.

    “Quem alegoriza fala ou escreve sobre alguma coisa por intermédio de outra, procurando desvendar sentidos simbólicos, espirituais ou ocultos. […] De acordo com o método alegórico, o sentido literal e histórico das Escrituras é completamente desprezado, e cada palavra e acontecimento são transformados em alegoria de algum tipo, a fim de escapar de dificuldades teológicas ou para sustentar certas crenças estranhas e alheias ao texto bíblico. Assim, não interpreta o texto bíblico, mas perverte o verdadeiro sentido deles, embora sob o pretexto de buscar um sentido mais profundo ou mais espiritual” (Idem, 2003, p. 124)

    O uso claro de alegorese em Ml 3.10, é afirmar que a “casa do tesouro” e a “minha casa”, citadas no texto se aplicam aos templos cristãos. É equivocado também declarar, que as maldições ali citadas, virão também sobre os crentes. Vale lembrar as palavras de Paulo em Atos 17.24 “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas.”

    Muitos se utilizam do texto de Ml 3.7-11, tirando-o do seu contexto, para colocar a “faca no pescoço dos simples”, amedrontando-os com maldições ou acusando-os de ladrões, no que diz respeito a prática do dízimo. Volto a declarar que a Bíblia não deve ser interpretada segundo as nossas conveniências.

    Compreendo ainda pela Palavra, que na Igreja, o dízimo não deve ter a sua prática incentivada a partir de Malaquias, mas sim, a partir de Abraão (Gn 14.18-20) e Jacó (28.18-22) que contribuíram voluntariamente, livre de qualquer preceito legal, sem medo de qualquer punição ou castigo, sendo unicamente movidos por pura adoração em reconhecimento àquele que provê todas as coisas.

  5. Heury Borba disse:

    Este tema é uma realidade de nossos tempos. Mas administrar o dízimo não é uma questão de fé, pelo contrário, é uma questão de falta de fé, falta de fé nos admistradores da igreja e até mesmo em Deus. Na minha opinião, quem usa o dízimo para fazer doações, está doando o que não é seu, e está recebendo louvor de que é uma pessoa caridosa. Certo de que o dízimo não é pra salvação, mas sim um ato de gratidão a Deus, tendo fé de que, quem o utilizar de forma ilícita prestará contas a Deus.

  6. George Júnior disse:

    Paz do Senhor Jesus meu Pastor!
    Acho muito relevante a discussão e penso que o Pastor, enquanto responsável pela congregação, exerce não só um liderança espiritual (ainda que esta seja, obviamente, a principal) mas também um liderança institucional. Portanto, a responsabilidade de administrar as finanças da Igreja cabe, exclusivamente ao seu líder, afinal, é assim que funciona em toda organização, seja ela filantrópica (como a Igreja é) ou não.
    O problema é que, enquanto instituição, a Igreja por vezes não se atualiza nem se moderniza quanto as diversas técnicas de gestão. Muitos líderes acreditam que as estratégias usadas a décadas atrás não são passíveis de aperfeiçoamento. Embora seja o nosso dever sermos dizimistas e ofertantes da Casa do Senhor nós podemos exigir das lideranças mais transparência quanto a isso.
    A Igreja tem que mudar urgentemente algumas tradições, que além de não acrescentarem benefícios, prejudicam o corpo de Cristo, ao mesmo que nós, também não devemos está com estas preocupações na hora de entregarmos nossos dízimos e nossas ofertas, mas entregar com Fé, Amor e Liberalidade. De qualquer maneira, DEUS contempla as intenções do coração de cada um, e mesmo em caso de desvios por parte da liderança, o nosso sacrifício será recebido no Céu pelo Senhor, desde que seja feito nos requisitos antes citados.

    DEUS ABENÇOE A TODOS!!! #RumoAoCéu

  7. Demetrios disse:

    Comentário Interessante! Na verdade para retirar essa imagem de não transparência é necessário começar de um ponto (auditoria fiscal transparente), depois, continuar publicando por exemplo anualmente suas origens e destinos dos recursos que entram nas igrejas. Talvez recupere não só a boa imagem como o retorno de ex-dizimistas.

  8. Falar sobre Dizimo é falar sobre mordomia cristã…, entenda meu raciocínio: aqui na terra, tudo que temos na verdade não temos, pertence a Deus. A nossa casa pertence a Deus, o nosso carro pertence a Deus, as nossas (fazendas bens dinheiro), tudo pertence a Deus! Nós como cristãos somos mordomos, temos o privilégio de administrar os bens de Deus aqui na terra.

    O dízimo é a entrega fiel e voluntária de 10% do rendimento da pessoa, família ou empresa. Quando dizimamos estamos demonstrando que cremos no que a bíblia diz: Deus é a fonte de todos os meus recursos materiais (I Cr. 29:11-14). Ou seja, a chave importante para a benção da estabilidade financeira (Ml. 3:9-12). Dízimos e ofertas nos colocam na linha da lei da semeadura e colheita (Gl.6:7; Pv.3:9-10; Lc 6:38; I Co. 9:6-1). Deus promete aos que são fieis nos dízimos e nas ofertas bênçãos com medida (aquelas que você pode quantificar) e bênçãos sem medidas (aquelas que não são possíveis quantificar. Você só as desfruta com alegria e gratidão).

    Esta benção chamada dízimo, foi o recurso preparado e autorizado por Deus para o serviço do Senhor (Nm. 18:20-24). No Antigo Testamento o dízimo era para ser levado ao local que Deus escolheu. Normalmente era o tabernáculo, ou o templo – a casa do tesouro confira: (Dt. 12:5-6; II Cr. 31:11-12; Ne. 10:37-38; Mal. 3:10). A igreja local é o equivalente a esse lugar hoje. O dízimo deve ser trazido ao local onde você adora e é alimentado pela palavra. A Administração dos dízimos compete a liderança da igreja local onde a pessoa congrega, é sustentada na fé e serve ao Senhor. Se a pessoa administra o seu próprio dízimo ela não valoriza a sua igreja, não confia na sua liderança e conspira para o enfraquecimento da mesma. Portanto não é correto a pessoa administrar seu próprio Dízimo.

    Obs: O Dízimo é um recurso que Deve ser investido em que? – aí vai – (despesas em geral); manutenção do prédio; compra e conservação de instrumentos; investimento em treinamento de professores e líderes; sustento pastoral; sustento de funcionários; investimento nas crianças, adolescência, juventude e famílias; plantação de igrejas; preparação, envio e sustento de missionários transculturais; avanços missionários e de cidadania, Etc.
    Se é ou não administrado de forma correta não se preocupe você está fazendo a sua parte!

  9. Raitler Matos disse:

    Entendo a necessidade financeira na administração de projetos sociais, na missiologia, no sustento pastoral quando este é assalariado, no sustento de assalariados da denominação e enfim, de forma geral, entendo a necessidade financeira na administração denominacional. A contribuição por meio de ofertas não pode ser limitada somente para a denominação. A vida social nos propícia alvos outros e isso agrada a Deus. Provérbios 19:17. e “O que vê com bons olhos será abençoado, porque dá do seu pão ao pobre”. Provérbios 22:9.

    Logo, acredito eu, que o seio cristão familiar pouco desenvolve a pedagogia de liberalidade em Romanos 12:8-b. Essa indisciplina fomenta avareza em pessoas cristãs. Além, desenvolve no caráter e na personalidade de inúmeros cristãos os quais estão enfermados no principio da barganha, do oportunismo e sobremodo afetados pela lei de Gerson. Essas interferências corrompem o princípio da generosidade cristã e em demasia distorce os valores da moral e ética cristã.

    Por outro lado, não é devido o fato de ser pastor ou de ser presidente numa denominação que isto isente o líder de prestar contas e isso, com absoluta transparência e rigor de acessibilidade de informações. Igreja, no sentido de denominação, não foi instituída, mormente, para possuir montantes financeiros em contas bancárias ou por meio destes valores obter propriedades e bens no quesito de investimentos. Aqui em Uberlândia, uma denominação pentecostal expressiva direcionou um pouco mais de 120 mil no piso da igreja e outros valores exorbitantes na reforma da denominação, enquanto é verdadeiro o fato de ter pessoas fora e dentro dela padecendo severas necessidades. Mas isso não caracteriza essa denominação como primeira a negligenciar necessidades mais prioritárias. Historicamente, esse problema já era apontado pelo apostolo Paulo em Filipenses 4:14-15.
    Em suma, acredito que a oferta e dizimo quando empregados de foma voluntária e consciente sendo depositados sob responsabilidade administrativa de suas competências, podem e bem deve ser direito e “dever” dos mais esclarecidos de suas importâncias. O que não se deve é fazer coerção, começando no discurso de que para ser diácono ou de poder representar qualquer que seja a postura de liderança, seja obrigatoriamente necessário a prática constada em relatório mensal postado no mural da igreja. Mão deva ser essas ações fruto de pressão, chantagem ou de terrorismo espiritual como de eficiências, bem fazem os que manipulam por escusos próprios.
    Havendo – é isso é verdadeiro-, essa administração própria do indivíduo quanto a ofertas e dízimos em razão de por suspeitas, de má gerencia, por roubo, e privação de informação quanto para ao que é destinado – e tais informações não podem ser proibidas- isso comprova a má reputação que paira sobre as lideranças. Não são suspeitas para serem tratadas segundo o método ” faça o que eu falo e obedece quem tem juízo”. Reverter esse quadro de suspeitas, de retenções e administração própria, devam ser assunto de pauta e urgência nas expressões práticas que possibilitam conquistas quanto a confiança e o respeito, esses, hoje esfacelados.
    Hoje em dia, aguça-se pelo volume de pessoas que determina o interesse de montante financeiro depositado. Esse interesse leviano e torpe não abre espaço para que seja mensurado, alertado e tomado como exemplo verdades e valores expressos pela ação voluntária e consciente da viúva de Lucas 21:2.
    Em relação ao problema posto para discussão de analises, cabe em todas as vias interpretativas a prudência do que é sensato e nunca o olhar apelativo emocional. Aquele tipo de olhar que fixa reprovação no gesto que abriga desconfiança é típico do olhar do lobo esperando a vez de tosquiar, desfigurando o que é ovelha. Graça e paz a todos!!!

  10. Lucas martins disse:

    Creio que,quando se usa transparência em qualquer organização .ganha-se credibilidade ,avendo credibilidade ganha-se confiança. Avendo confiança ganha-se respeito. Avendo respeito conquista liderança. Uma vez LÍDER Conquista-se o amor,dedicação, fidelidade. Compromisso.Ingredientes básicos de um dizimista. Juntos a fé e o ensinamento de Jesus. AMÉM.

  11. Robson Aguiar disse:

    Texto atual e lúcido.

    Parabéns pastor Daladier por nos brindar com uma postagem tão importante. Como bem sabe o amigo tenho também escrito em meu facebook sobre transparência ministerial, e não pretendo aqui reverberar o assunto, mas, fico feliz de vê-lo pegando na corda da moralidade eclesiástica, tendo coragem de expor sua opinião sem medo das represálias, digo isso, porque estamos mexendo com “gente grande e poderosa” e sabemos que portas se fecham quando não pedimos a benção de certos caciques e nos sujeitamos aos seus caprichos.

    Hoje, temos muitos profetas de fachada, que não tem coragem de se posicionar contra erros e injustiças que ocorrem em seu meio, motivo? Interesses particulares, na verdade, ministérios vendidos, são da linhagem de Balaão, mas, louvo a Deus por ver que nem todos se dobraram diante o sistema.

    Vamos adiante, por uma igreja bíblica, combatendo a hipocrisia, o nepotismo, a subserviência, os desvios, e por fim, a covardia tão presente em nossos dias.

    Abraços.