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Bomba, urgente!

Num desfecho trágico, foi extinta nesta data a combalida Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil – CGADB. Nossos leitores estão aturdidos! A Convenção havia alcançado o auge durante a Década da Colheita, vinte anos atrás. Um plano bem coordenado de evangelização em nosso País. Todo o Brasil se envolveu e muitas almas foram ganhas para Cristo. Mas nos últimos anos, sem norte, sem perspectiva, sem propostas, a Convenção foi se esvaziando. Estava reduzida a frangalhos pelas últimas disputas eleitorais.

O estopim foram as brigas internas. Guerra por poder e controle, problemas financeiros mal esclarecidos, ganância por cargos, denúncias televisivas (feitas por um vice que renunciou ao cargo) e nepotismo reduziram a fragmentos a estrutura idealizada por Samuel Nystron, Cícero Canuto de Lima, Paulo Leivas Macalão, José Menezes, Nels Julius Nelson, Francisco Pereira do Nascimento, José Teixeira Rego, Orlando Spencer Boyer, Bruno Skolimowski, José Bezerra da Silva e outros. Disputas nos Estados puseram mais lenha na fogueira nos últimos anos e as cisões revelaram astúcia, ganância, pragmatismo e oportunismo.

Um dos alvos das maiores disputas era o polpudo orçamento da editora CPAD, que segue funcionando normalmente. Aliás, não obstante uma razoável reserva de mercado dentro das Assembleias de Deus brasileira, a editora procurou ampliar seu portfólio e aprimorar seus quadros. Mesmo quando às voltas com um presidente indicado pela presidência da Convenção. Uma atitude vista como nepotista por vários líderes. Mas, até mesmo a CPAD não cumpriu uma resolução da CGADB, no episódio que envolveu a Bíblia Dake. Numa clara demonstração de falta de autoridade, a editora ensurdeceu e não retirou, senão quando quis, a Bíblia cheia de contradições e erros doutrinários.

O último presidente, José Wellington Bezerra da Costa, acossado pelos pastores Samuel Câmara e Silas Malafaia (este último se dizia fora da Convenção, mas atuava nos bastidores junto aos irmãos Câmara, no Amazonas e Pará, fomentando amizades e alianças) não teve outra alternativa a não ser capitular.

Somaram-se a estes problemas intestinos a absoluta incapacidade de dar respostas às necessidades mais comezinhas atravessadas pela denominação no Brasil. Ataques na imprensa nunca foram revidados adequadamente. O Setor de Comunicações tartamudeava entre lamentos e dar de ombros enquanto os membros eram criticados e se resignavam. A Convenção, quando chamada, quase nunca assumia seu papel de representante maior. Foi assim quando o STF debateu o aborto de anencéfalos e o casamento homossexual. Atendendo a uma estranha praxe a CGADB não compareceu.

Um pouco de história

A CGADB nasceu como uma entidade fraternal, cuja intenção maior era unir os projetos assembleianos, servindo de elo estratégico da denominação em terras tupiniquins. Mas pouco de fraterno acontecia nas últimas AGOs (Assembleias Gerais Ordinárias) e AGEs (Assembleias Gerais Extraordinárias). Presidentes de Convenção num mesmo Estado não sentavam lado a lado, nem frequentavam a igreja um do outro, muito menos se cumprimentavam. A estrutura organizacional estava desfigurada e sem poder, sendo mero cargo de fantoche. A ponto de um secretário não poder visitar as igrejas de sua própria denominação dentro do Estado aonde atuava, e um conselheiro de Educação não poder promover um evento nelas. Um dos candidatos ao cargo de presidente promoveu uma balbúrdia tal que um AGE teve de ser cancelada. A disputa pelo cargo maior apequenou as demais necessidades.

Por outro lado, a Convenção que, estatutariamente, teria poderes para combater heresias, se viu forçada a tolerar movimentos capitaneados por presidentes de campo, distorcidos da Palavra de Deus, como o G12. Um Estado inteiro aderiu ao movimento e ninguém foi punido. Ao menos dois Estados criaram sua própria editora e lançaram Lições Bíblicas. Enfraquecida, seguia a reboque. Nenhum presidente abria a caixa preta da administração para os membros das Convenções. E aonde regiam com mão de ferro, o presidente não contrariava nenhuma decisão. Se limitando aos salamaleques nas EBOs (Escolas Bíblicas de Obreiros) e cultos públicos como aniversários e congressos.

A política partidária carcomeu o restante. Presidentes de campo passaram a se candidatar, sem se licenciar de seus cargos. O Conselho Político passou a comportar um político, contrariando o próprio estatuto em seu artigo 71, parágrafo 2º. Indicações pastorais de fachada incharam as listas de registro. Quem queria se candidatar, consagrava e inscrevia o maior número de ministros possíveis. Desmandos financeiros deram o tom negativo final. Cheques sem fundo, débitos envolvendo diretamente o nome da Convenção, bradados em cadeia televisiva, puseram as últimas pás de cal.

E agora?

Esta é a pergunta que boa parte da membresia faz neste momento confuso. Uns acham que não pode piorar, afinal, já não havia efetiva atuação da Convenção em suas igrejas. Ou seja, cada um se virava como podia. Outros temem por problemas que se agravem. Como as desuniões estaduais, a utilização da marca em igrejas de fundo de quintal, o aprofundamento dos desvios teológicos. Há incertezas sobre o destino do Mensageiro da Paz, um informativo mensal que circula em todo País. Este mesmo periódico era incisivo contra determinados desvios, fazendo vista grossa para os desmandos mais pesados. E há a CPAD, a galinha dos ovos de ouro. Com sua competência alguns creem que sairá da reserva de mercado fortalecida. Há outros, enfim, que estão aliviados. Ao menos não haverão eleições nacionais para o cargo de presidente. Ninguém vai precisar brigar no plano nacional. Nos Estados é cada um por si e Deus por todos. Como já se anda há muitos anos…

E pensar que esta é, hoje, a maior denominação do Brasil? Com milhões de membros e simpatizantes.

Ps.: Esta é uma notícia fictícia! Mas podia ser verdade… O que é pior: morrer e ser enterrado ou morrer e ficar vivo como um fantasma?

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