Por que a Assembleia de Deus não se conecta?
Por que a Assembleia de Deus não se conecta? Por que continuamos investindo nas mídias convencionais como rádio e TV, se as pessoas estão cada vez mais nas redes sociais? Como explicar igrejas grandes que não possuem perfis em redes sociais? Ou, pior, como explicar perfis e portais desatualizados? O fato de pastores e líderes assembleianos em sua maioria produzirem intelectualmente pouco influencia a fraca audiência de portais e blogs oficiais?
O Facebook divulga possuir 99 milhões de usuários ativos, trocando em miúdos 8 em cada 10 brasileiros está conectado. Adicione-se a isto que a massa de usuários é densamente urbana. No mundo são 1,48 bilhão de pessoas, um público imenso. No Instagram são 400 milhões de pessoas. No WhattsApp, 900 milhões[1]. O Twitter possui 310 milhões e o Snapchat 150 milhões[2]. São dados assustadores. Por outro lado, revelam um enorme potencial a ser explorado e em cujas águas as igrejas em geral não molharam nem a ponta dos dedos.
Vocês sabem que a Assembleia de Deus é a maior igreja evangélica brasileira. Alardeia ter até 45 milhões de membros. Ainda que possamos duvidar do montante (não faz jus à quantidade de templos, por exemplo), números mais modestos dão conta de 25 milhões de membros e congregados.
A pergunta chave, além dos números lançados acima, é: Por que a Assembleia de Deus não se conecta? Não há, pasmem!, um mísero portal assembleiano oficial bem visualizado se comparado a outras iniciativas. Infelizmente, eles pouca ou nenhuma relevância possuem frente aos blogs e sites mais visitados do Brasil. Não há nem como fazer uma comparação razoável!
Há diversos blogs de colunistas brasileiros como Reinaldo Azevedo, Ricardo Noblat, Rodrigo Constantino, Augusto Nunes, Radar OnLine, revistas nacionais como Veja, Época, IstoÉ, grandes portais como UOL, Globo, Mercado Livre que seguramente tem mais de um milhão de visitantes mês. Muitos possuem esse volume de visitas num só dia. Mas não há um site, blog ou portal assembleiano com um milhão de visitas, não é estranho, com tantos membros e congregados interessados?
Onde está o problema?
Não há respostas simples. Sobram somente hipóteses. A mais evidente é a parca produção intelectual dos líderes assembleianos. Salvo raras exceções, os pastores e líderes mais proeminentes produzem pouco material digno de apreciação. Trocando em miúdos, pouca coisa que valha a leitura! Essa ausência se reflete nas igrejas e seu conteúdo virtual.
Pior! Por puro diletantismo os líderes maiores não abrem espaço para seus subordinados produzirem, ainda que sob crivo. Tomemos, por exemplo, a Ultimato. Há no portal da editora milhares de pessoas cadastradas, que submetem seus posts diariamente. No site CPADNews, que pertence à editora oficial da CPAD somente escrevem doze pessoas escolhidas a dedo. Inadmissível que numa denominação continental tenhamos tão pouco.
Mas, voltemos ao conteúdo, que é o que fomenta a audiência. O que quer o leitor? Conteúdo fácil, simples, direto e objetivo. A realidade é a seguinte:
1) Via de regra, o líder maior de uma convenção assembleiana posta em seu perfil nas redes sociais os eventos. As imagens vem sem legenda, não sabemos a que pessoas se referem, algumas vezes se referem a reminiscências pessoais, etc, como, aliás, é a natureza do perfil pessoal. Só quem tem acesso ao perfil pode ver o que está sendo postado. O correto seria postar no blog da igreja e referenciar no perfil;
2) Os líderes menores encarregados de atualizar o site ou portal, postam dez ou quinze eventos de uma só vez. O resultado é que o visitante só pinça o primeiro. É assim que funciona o surfe na web, ainda mais com as milhares de opções que a mídia oferece. Se esse primeiro for objetivo e interessante, o visitante chegará ao segundo, no máximo, ao terceiro. Com sorte ele pode compartilhar alguma coisa. Precisamos compreender que é preferível postar os eventos tão logo aconteçam, assim você terá público cativo e voltando todos os dias, porque sabe que tem novidade;
3) As postagens refletem as situações interna corporis das igrejas. Isso pode ser maçante para a maioria dos visitantes. Primeiro, porque geralmente há um tom evidente de bajulação do líder. Segundo, porque há pouca novidade para se ver. Terceiro, porque a versão é tão edulcorada que salta aos olhos. E por aí vai… Tais situações podem captar a atenção do visitante, desde que ele seja parte interessada. A audiência dos demais já era!
4) As postagens não refletem os eventos de todas as congregações. Somente a Sede aparece e as demais ficam em segundo plano. Havendo alguma permissão superior, os demais pastores e igrejas criam suas próprias páginas e perfis, pulverizando os acessos. Outro efeito indesejável é a informação importante se perder nas mãos de um burocrata. Portais convencionais devem refletir a realidade de todas as congregações, sob pena de criar a sensação de preferência. A internet é um espaço democrático e participação de todos é fundamental para aumentar a audiência.
Ainda falando de conteúdo, tomemos os vídeos no Youtube. Quantos vídeos de pastores assembleianos, de cultos (não chacota de ridicularização), de pregações produzidas em templos assembleianos alcançaram um milhão de visualizações? Provavelmente, nenhum! Vídeos de debates, de estudos, de tira-dúvidas produzidos oficialmente alcançam duas ou três mil visualizações, os de explicação da lição da EBD no Canal da CPAD, seis ou dez mil. Enquanto isso, só os dois vídeos mórmons[3], Ele Vive e Aleluia, sobre a Páscoa de 2015 e 2016, alcançaram mais de 4 milhões de visualizações cada! Aliás, qual igreja assembleiana produziu um vídeo de Natal ou de Páscoa digno de nota!?
Outro problema é que o investimento das convenções gira em torno da mídia convencional. Volte aos números no cabeçalho, eles parecem não interessar às nossas lideranças. Enquanto nossa juventude em massa invade o Facebook, gastamos milhões na TV. Agora mesmo a proposta de um dos candidatos a presidente da CGADB é uma rede de televisão nacional. Isto é feito com a audiência minguando até na Globo! Dez em cada dez pastores presidentes gostariam de ter sua própria rádio e/ou TV. A maioria gasta milhões para manter seus programas.
Além disso, os custos das mídias convencionais são altíssimos. Não se compra uma rádio de pouca penetração com menos de R$ 5 milhões! E nem se fala da manutenção, folha de pagamento, etc. Para dar traço de audiência! É tão ínfima que nem é medida. Enquanto isso youtubers produzem vídeos visualizados milhões de vezes. Um atrás do outro! Nem mesmo na música oficial, área que somos fortes, conseguimos ter audiência. Um clipe como o Ninguém explica Deus[5], do Preto no Branco, por exemplo, caminha neste momento para 27 milhões de visualizações!
Por fim, a CGADB não se interessa. A entidade não tem perfil oficial em redes sociais. Possui apenas um portal desatualizado e com pouca informação relevante, totalmente fora de sintonia com nosso tempo. Por mais incrível que pareça quis lançar uma empresa de telefonia, a MaisAD. Creio que a iniciativa naufragou, queria alcançar um milhão de usuários, nunca mais ninguém ouviu falar. Uma ou outra convenção brasileira possui um portal atualizado. Algumas possuem aplicativos para divulgar suas programações. Mas a maioria leva caldo nas ondas cibernéticas. Enquanto as oportunidades se perdem… O que dizer, por exemplo, das milhões de pessoas encasteladas em seus apartamentos disponíveis em redes sociais e navegando na internet?
Com a palavra quem pode fazer algo a respeito!
[1] http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2016/01/facebook-revela-dados-do-brasil-na-cpbr9-e-whatsapp-vira-zapzap.html
[2] http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2016/06/snapchat-ultrapassa-twitter-em-numero-de-usuarios-ativos-por-dia.html
[3] https://www.youtube.com/watch?v=ckcVrHH4bwg
[4] https://www.youtube.com/watch?v=qU_pJ7GfVoc
[5] https://www.youtube.com/watch?v=LYsaKn8FRhc
Meus parabéns amado pela bela explanação.
O problema maior e que tu identificaste é a Assembleia de Deus não é uma Igreja, mas sim uma denominação e como tal falta unidade, pois cada trabalha para si mesmo e não para a coletividade.
Excelente comentário e constatação dessa verdade no terceiro milênio. Ou nos atualizamos ou perdemos para quem está nas mídias, produzindo irrelevâncias sutilmente produzidas para enredar os incautos.
Excelente!!! Parabéns, essa reflexão nos faz pensar: Porque esse público ocioso é negligenciado por nossos líderes??? Se temos como propagar tão rápido e efetivamente o evangelho do Senhor Jesus!!!!! Para mim existe um desvio de foco!!!! E de interesses!!! Adorei, excelente para refletir e agir!!!
Parabéns! Como sempre, sua abordagem é objetiva e vai de encontro com o que realmente interessa. Na minha opinião, a AD tem que investir pesado em conteúdos web, blogs e mídias sociais. Dinheiro não é problema, e nem muito menos pessoas qualificadas, mas falta a disposição, o interesse e o propósito para tais empreendimentos. Ora, os colunistas da CPAD News, são bons, entendem de bíblia e de teologia, mas poderiam ter outros. Enfim, aguardemos o futuro digital da nossa editora, e tomara que venham dias melhores para uma conexão mais acentuada da Assembleia de Deus.
Uma abordagem perfeita!
Quanta negligência por parte da nossa liderança!
O que vemos são ENSAIOS! No meu Estado já vi, por diversas vezes, o lançamento do site oficial. Os primeiros dias empolgam a TODOS. Mas isso não dura muito tempo… Logo a alimentação ou é feita com muita publicação de uma só vez só só acontece periodicamente. Daí, assim que chega o momento de RENOVAR o domínio (que acontece anualmente) ou a hospedagem, o SITE MORRE.
Eu defendo que, se não querem produzir artigos interessantes, pelo menos esses veículos deveriam existir pra deixar a IGREJA ATUALIZADA dos acontecimentos atuais e vindouros. Eu tomei uma iniciativa esse ano: me coloquei a disposição, para dentro das minhas possibilidades criar e alimentar uma página da Igreja no FACEBOOK ( http://www.facebook.com/admontealegrese ). O Pastor recebeu de bom grado e estou fazendo o que posso pra, pelo menos, publicar a programação e deixar os membros informados.
ESPERO QUE UM DIA OS LÍDERES ASSEMBLEIANOS ACORDEM PARA O POTENCIAL DAS MÍDIAS SOCIAIS.
Ate parece que a ideia é deixar a membresia cada vez mais burra e desemformada, assim é facil de manobrar. Que pena!!