Ícone do site Pr. Daladier Lima

Venda de Igrejas: a realidade assembleiana vai comendo a ficção…

Chega ao meu conhecimento a venda da Igreja Sede em Maringá/PR (IEADCEMAR). Esta Convenção possui 38 outras congregações. É uma notícia que você dá com o coração apertado. É como a morte de um parente, cada familiar gostaria de não estar ouvindo. No nosso caso lendo… Fui pesquisar um pouco mais. As razões são estupefacientes, tudo aquilo que nosso blog já comentou em termos de administração eclesiástica. Eu sou formado em Administração de Empresas, estou na área de consultoria empresarial desde o 286 (computador de tela verde/cinza) e já vi muitos filmes desta natureza. Vamos a duas fases do problema. Primeiro, a assembleia que seria realizada é noticiada em março, depois, dia 03 de maio, a placa de venda afixada:

Consta no blog do Angelo Rigon (link abaixo) que o problema se agravou com a compra de uma rádio. A Igreja contraiu uma dívida que não poderia pagar. Após dois anos de deliberações, com problemas de crédito de toda ordem veio a decisão final. Penso que a essa altura do campeonato os membros pouco poderão fazer. Geralmente, o estatuto dá poder de decisão à assembleia, mas as dívidas batem na porta e, aí, não tem jeito.

Já falei e repeti inúmeras vezes aqui que tais investimentos (rádios e TVs) não se pagam e, hoje em dia, com um investimento bem menor você alcança dez vezes mais pessoas se é essa a questão, com uma interatividade incomparável. Um bom portal, por exemplo, custa em torno de R$ 10.000,00, com manutenção mensal de R$ 300,00/R$ 500,00. Estou falando de portais estruturados. Um bom aplicativo para smartphones não custa mais do que R$ 5.000,00. Com notícias, rádio e mídia online. Daí é só ter conteúdo. Muitas igrejas e até empresas não percebem fluxo porque não tem conteúdo! Ou é desatualizado, sem timing (postado 500 anos depois do ocorrido) ou sem lead (chamada adequada). Para fazer um blog é de graça.

Até mesmo estrelas gospel do porte de Valdomiro Santigo e Agenor Duque andam às voltas com dívidas astronômicas para manter seus programas. Boa parte do problema é que ao invés de investir em publicidade e dar sustentação, preferiram investir no chororô, em doações, carnês, ofertas e afins, ad infinitum…

Não quero fazer pré-julgamentos ao nobre pastor daquela Convenção, até porque as notícias de fechamento de congregações são recorrentes Brasil afora e em diversas denominações. Mas isso demonstra que devemos investir maciçamente na gestão, com transparência, compartilhamento de responsabilidade, sem gastos perdulários. Cada centavo é importante. O que dizer das dezenas de pastores formados em Direito ou Teologia que temos, mas tão poucos em Administração e Economia? É só um dos sintomas. Quem pensa em manutenção ao criar templos enormes e suntuosos? Quando a conta chega não tem jeito, fica-se com o elefante branco nas mãos.

Ainda tenho muito que aprender, mas tomando conta de uma congregação fui ridicularizado por obreiros amigos porque troquei 6 a 8 garrafões de água mineral por semana, por um bebedouro com filtro, cujo elemento filtrante era trocado a cada seis meses. Façamos as contas: R$ 5,00 x 6 = 30,00 x 4 semanas = R$ 120,00 por mês! Bebedouro: R$ 650,00 + filtro externo de carvão R$ 150,00. Só que a durabilidade do equipamento é imensa. Você poupa o espaço das garrafas e ainda tem água gelada e filtrada. Soluções simples que trazem economia de longo prazo. Sem contar que ainda dividimos a aquisição em seis ou oito prestações.

Um dos grandes problemas enfrentados em todas as igrejas é pensar que dinheiro não acaba. Junta-se a isto a má qualidade dos gastos, a ausência de administração estratégica, a falta de transparência e seriedade e está feito o estrago. Para piorar as coisas temos a grave crise econômica que se arrasta desde meados de 2014 trazendo desemprego e queda na arrecadação de dízimos e ofertas. Um amigo de um grande ministério fala em queda de 40%. Quem fez a lição de casa teve tempo para as corretas correções de rumo, quem não, só tem a lamentar agora.

Na Europa e EUA há igrejas à venda, mas por falta de membros. Sem pré-julgamentos, em terras tupiniquins o problema número 1 é gestão! Não se admire se ver muito mais anúncios de venda do tipo daqui por diante. É triste, mas é verdade.

Oremos para que os membros da igreja citada não desfaleçam…

Leia a notícia original aqui: http://angelorigon.com.br/2016/05/03/igreja-evangelica-assembleia-de-deus-coloca-sede-a-venda/

A igreja da chamada do post estava à venda em Fevereiro/2015, não sei se ainda está…

P.S.: Conforme informações do Ícaro Franco, o templo da chamada de capa deste artigo foi vendido porque foi construído um maior e melhor para os membros. Graças a Deus está fora das estatísticas.

Sair da versão mobile