Verdades inconvenientes sobre Missões!
Confesso-me amante de Missões, na verdadeira acepção da palavra. Qual salvo sério não seria!? Vibro com os relatos de missionários verdadeiros, que com denodo avançam nos rincões nacionais ou internacionais. Já assisti inúmeros vídeos do assunto, tenho diversos livros sobre e estou minimamente informado dos desafios. Oro, interajo, financio com meus parcos recursos diversas iniciativas. Há, porém, algumas coisas que desejo pontuar. Comentem, não apenas se concordarem.
A Igreja é a Missão!
Há um claro desfoque do que é missão. A missão não pode ser definida a partir de uma política eclesiástica ou do capricho pessoal do líder. A definição da Missão está expressa na declaração de Cristo sobre a Igreja. Ele disse que fomos edificados por ele mesmo e que nada nem ninguém poderia nos deter (Mateus 16:18), que deveríamos ir por toda parte pregando não nossa cosmovisão, mas o Evangelho (Marcos 16:15), que sofreríamos oposição (Mateus 5:11) e que seríamos vencedores ao final. Mas nós somos a cada dia a Missão! Em todas as mínimas e mais vistosas ações, em tudo que a Igreja faz Deus revela sua missão no mundo.
Eu, você, nós somos a Missão de Deus na Terra!
Sim, somos todos missionários
Se a Igreja é a Missão, somos todos missionários. Há, porém, os missionários locais, que evangelizam os de perto e há os missionários que vão a outros Estados e nações. Curiosamente, há muito esforço e investimento e até mais alegria em evangelizar os de longe que os de perto. Vocês sabem como abordamos aqui várias necessidades de nosso Sertão. Ali tem miséria, fome, sede, idolatria, oposição aos evangélicos, dificuldades geográficas e tudo o mais que encontraríamos em países fechados para o Evangelho. É a janela 10/40 brasileira! Porém, há poucos dispostos a exibir seu cartão de missionário, com um dístico semelhante a missões no Sertão. Por que? É um mistério insondável. Quem sabe sentiriam-se diminuídos.
Mas outros grupos se ressentem dos mesmos problemas dentro do Brasil: índios, ciganos, ribeirinhos, quilombolas, imigrantes, etc. Normalmente, tais pessoas recebem pouca atenção e poucas igrejas querem investir dinheiro para enviar missionários a eles. E não só isso, os próprios missionários, supostamente vocacionados para toda boa dádiva que desce do Céu (Tiago 1:17), dão de ombros para a necessidade destes povos, só tendo olhos para o Exterior. De preferência num bom destino.
Missões virtuais
Com o adensamento da população que usa celulares e internet, missões se tornaram mais fáceis e baratas de serem realizadas. Porém, a Igreja prefere o modo mais caro e difícil. Hoje é possível enviar uma mensagem para qualquer segmento que usa o Facebook, por exemplo, sem sair da frente do computador. São quase dois bilhões de usuário no mundo, 96 milhões no Brasil. E há grupos, pequenos embora, que alcançam neste momento efetividade nestas campanhas virtuais.
Os seres humanos tem comportamento padronizado. Se um vídeo no Youtube pode ser curtido por milhões, talvez, bilhões de pessoas, uma mensagem evangelística também o será. Só depende de criatividade e oportunidade. Isso sem falar nas demais mídias urbanas e massivas.
Infelizmente, quase todas as oportunidades tem sido perdidas por grandes igrejas, ao mesmo tempo em que se dizem envolvidas em Missões. A Assembleia de Deus é a maior igreja brasileira, mas nunca emplacou uma mensagem de massa desse tipo até o momento. Precisamos ainda incluir no deficit os milhões de brasileiros urbanos inatingíveis pessoalmente, uma vez que estejam encastelados em seus apartamentos e condomínios, nas inúmeras selvas de pedra que temos.
A missão precisa de financiamento
Sem sombra de dúvidas tudo que fazemos em termos práticos precisa ser financiado. Folders, cartazes, campanhas virtuais, banners, faixas, passagens, hospedagens, ajudas de custo, cuidado com famílias missionárias movimentam um mercado bilionário. E são os membros das igrejas que investem seus dízimos e ofertas para fazer frente a tais despesas. Penso que isso não deixa dúvidas.
O problema é quando Missões é utilizado para a arrecadação pura e simplesmente. Quando campanhas de missões apresentam necessidades de países estrangeiros e sua solução demanda única e exclusivamente, na propaganda de seus idealizadores, dinheiro. Aqui, como em tudo que a Igreja faz, dinheiro é meio, não fim. Sem contar que inúmeros departamentos de missões servem ao custeio de despesas que nem de longe lembram o fim propagandeado para os ingênuos irmãos.
Muitas igrejas gastam somas astronômicas em staff e planejamento missionário, enquanto o missionário lá na ponta mendiga sua parca ajuda de custo, que chega atrasada muitas vezes e não é reajustada há décadas. Não que ele deva ser um milionário em campo (embora hajam missionários nababos, especialmente quando apadrinhados de alguma liderança), mas deve ter ao menos dignidade. E se é para fazer tendas no campo, que isto seja acertado desde o envio, não criando falsas expectativas!
O missionário é responsável por sua atuação
Com as redes sociais multiplicaram-se os chiliques de alguns missionários com o sofrimento do campo, etc. Outros não querem ser cobrados por resultados, relatórios, prestações de contas, etc. Não há missionário que ignore tais necessidades ao ser enviado.
A Igreja deve receber, regularmente, relatórios da atuação missionária, valores investidos por missões estabelecidas nos mais diversos lugares e custeadas pelos irmãos. Quem não quer ser cobrado por essas coisas desenvolve uma profissão e vai viver por conta própria. Queria ver esse pessoal na iniciativa privada, sendo cobrado por horário de chegada e saída, produtividade e um sem número de outros itens.
Repito, não há ninguém que possa alegar que não sabia da pressão que iria enfrentar no campo. A não ser aqueles melindrados e interesseiros que de chamada não tem nada.
Igreja autóctone
Atenção! Nenhuma missão, em nenhum país do mundo, deve esperar usufruir dos louros do crescimento missionário para sempre. A meta, o objetivo deve ser uma igreja autóctone onde quer que estabeleçamos uma missão. A Assembleia de Deus brasileira ainda não tinha 20 anos quando a liderança brasileira reclamou o controle dos missionários suecos e americanos. Ainda que os últimos tenham financiado seminários e as publicações por algumas décadas, todo processo decisório esteve desde então em nossas mãos. E nunca foi reclamada qualquer compensação financeira!
Causa-me asco que uma igreja estabeleça uma missão em qualquer lugar do mundo e espere que aquela igreja permaneça vinculada para sempre àquela que lá fundou o ministério! A história mostra que a regra por toda parte é a emancipação, que virá mais cedo ou mais tarde, tão logo a iniciativa cresça e dê frutos.
Judeias, Samarias e confins da Terra
Ainda ouço o eco das palavras de Jesus em Atos 1:8: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra.” Se formos incompetentes com a evangelização nas cercanias de nossa congregação, como esperaremos enviar missionários aos rincões? Precisamos fazer nossa lição de casa.
Lembro que o Brasil tentou ser protagonista mundial, dizia certo presidente que as nações do mundo deveriam aprender conosco. A pretensão deu com os burros n’água. Com a Igreja não ocorre muito diferente. Queremos ser missionários do outro lado do mundo e não evangelizamos às pessoas do outro lado da rua! E muitos deixam de fazê-lo em sua própria família.
Parabéns pelo empenho em missões… O irmão teria dados atuais e globais de missões para me informar.
Prezado, infelizmente, não!
Abração!
Falou muito bem! Como missionária independente, junto com meu esposo, somos enviados por Deus, às custas de nossas próprias economias e além de evangelização nos países mulçumanos e hinduistas, fico atenta ao Espírito Santo que nos dirige e comanda o nosso “ir”. Deus de maneira sobrenatural forma em nós instrumentos de sua vontade. Sua glóriosa mensagem derrete os corações e aviva os que estão desejosos de ser uma chama viva com poder, autoridade e unção. Sem isso nem pensar!