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Sete notas sobre a queda de Dilma e suas lições para a Igreja

Queda de Dilma

Será que o impeachment tem algo para ensinar a Igreja? No fim das contas qual foi o grande erro de Dilma? Ou foram vários? Pastores estão a salvo dos mesmos erros que Dilma cometeu? Abraçar o pecado trará salvação para a administração eclesiástica?

Esperteza quando é grande, vira bicho e engole o dono. A frase não é inédita. Atribuem-na a Tancredo Neves, falecido presidente do Brasil. É uma lógica elementar. O ladrão que se apodera de uma cédula de R$ 10,00 nunca para. Depois R$ 20,00, R$ 50,00 e R$ 100,00. Sempre mais! Conheci uma moça evangélica que trabalhava no caixa de uma empresa. Começou subtraindo pequenas notas, mas o apetite foi crescendo até ser flagrada e demitida, por justa causa!

Muitas vezes a esperteza não é roubo propriamente dito, mas usufruto (na linguagem de Cunha) do que está fácil e disponível. Você faz uma, duas, nada acontece? Faz dez. Quando é pilhado na lama, já era. É o caso de muitos pastores que se apropriam de dízimos e ofertas. O ditado popular diz que “o uso do cachimbo entorta a boca”. Já ouvi e até vi de perto o filme de uma pessoa que subtraía o valor e dizia: Depois reponho. Um dia não pôde repor… A casa caiu!

Não transija com o erro. Nenhum criminoso famoso começou ontem, vão sempre afundando aos poucos. Infelizmente, Dilma não vai cair por seus erros maiores, a má condução da economia, o agigantamento do tamanho do Estado, a corrupção desenfreada, a permissão para que companheiros se aboletassem nas estatais, a compra de Pasadena. Uma analogia clássica no mundo eclesiástico são os pecados sexuais. Um dia é um olhar, outro um elogio, outro um carinho, outro um beijo, até que… foi pra cama! A melhor opção é fechar a porta e se a tentação crescer, fugir como José!

Nenhum desvio é para o bem. A grande lição da tentação de Cristo é não tolerar o mal, nem mesmo visando um grande bem adiante. Via de regra, os que se lançam nesta empreitada acabam desmoralizados e reféns de suas escolhas. Um pastor não pode ser refém de ninguém, ele é um servo de Deus, profeta do Altíssimo! É a Deus que temos de prestar contas. Toda chantagem deve ser enfrentada e denunciada.

A ética boa, bíblica, lógica, insofismável, é aquela que se manifesta nas ruas, no cotidiano. Pregar ética na Igreja todo mundo sabe. E há éticas ao gosto do freguês. A grande questão é ser honesto e coerente mesmo quando não tem ninguém olhando. Acreditem, muita gente não caiu (ao menos não soubemos) porque não foi submetido ao teste adequado. Muitas dessas vezes foi Deus que teve misericórdia e poupou o candidato à queda. E ele pensando que era muito forte.

Não confunda coisa pública com a privada. Sem trocadilho! Quem nunca viu o filme do pastor que confunde a igreja com sua casa? No início meio disfarçado. Depois toma um rumo sem pudor. Contas pessoais são pagas com os dízimos e ofertas, pessoas mais chegadas são toleradas por serem bajuladoras e seus pecados acobertados, o nepotismo se instala, os cabides de emprego prosperam. Até que a moral se esvai totalmente e os desmandos assombram a administração. Cada coisa deve ter seu lugar. Se um filho ou parente é competente que busque colocação na iniciativa privada, se é necessitado que seja ajudado longe do cabide.

Cuidado com o corporativismo! Seja o partidário, seja o familiar, seja o empoderamento dos cargos, seja o eclesiástico. Mormente, pastores são alvo do protecionismo pastoral. Se acham acima dos demais e defendem uns aos outros. É o caso de Dilma protegendo Lula, que protege Renan, que protege Wagner e vai por aí afora. Até o dia em que não é mais possível proteger ninguém e o faltoso fica na chuva. Confiando que Renan nunca encaminharia o impeachment Dilma fez suas artimanhas, até que… caiu!

Também para a Igreja vale o versículo: Não erreis, Deus não se deixa escarnecer… Jaca não nasce em pé de manga!

Leia também: As lições do caso Lula PT para a Igreja e A Igreja evangélica pode ensinar ética à política partidária?

 

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