A Última Ceia – Subsídio para a 11ª Lição da EBD – 14/06/2015

Chegamos ao subsídio da lição 11. Uma sequência vasta de conhecimentos tomou conta de nós. Mas, vamos adiante!

O Êxodo

Por que Israel chegou ao Egito? Curiosamente, muitos crentes não conhecem esta história. José, o penúltimo filho de Jacó, foi usado por Deus para acomodar seu povo na nação mais desenvolvida de sua época. Anos depois do sonho de Faraó se cumprir, os irmãos de José, que o haviam vendido para uma caravana de midianitas, se vêem diante do segundo mandatário mais poderoso daquele País. Após idas e vindas José se revela a seus irmãos e causa uma reviravolta na história. O livro do Gênesis termina com o estabelecimento de Jacó e seus filhos no Egito e a morte de José. E aí tudo se complicou para os israelitas. O tempo minimizou a história de José e levantou-se um Faraó (título que significa casa grande) que não o conhecia.

Israel no Egito

Israel no Egito

Os israelitas moravam na região conhecida como Gósen, no delta do Nilo, conforme imagem acima, e experimentavam relativa prosperidade, quando todos os estrangeiros foram requisitados como escravos para as opulentas construções faraônicas (para um melhor detalhamento da história do Egito clique aqui). Até que Deus decidiu intervir e resgatar seu povo, humilhando Faraó, seus deuses e seu povo.

Após quatrocentos e trinta anos (Êxodo 12:40) os judeus finalmente saíram do Egito e se dirigiram à Terra Prometida, Canaã, que Deus havia prometido a Abraão,Isaque e Jacó. Porém, no dia exato da saída, Deus deu a seu povo a ordenança de uma festa: a Páscoa. O termo hebraico para Páscoa é:

Pêssach

Pêssach

lê-se, pêssá. E significa passar por cima. É um eco da ordem de Deus: E tomarão do sangue, e pô-lo-ão em ambas as ombreiras, e na verga da porta, nas casas em que o comerem (Êxodo 12:7). Para que o anjo da morte não matasse o primogênito daquela casa. Ao ver o sangue (na verdade a obediência do dono da casa) o anjo passava sobre a mesma e ia adiante.

Sangue nos umbrais das portas

Sangue nos umbrais das portas

O calendário e as festas…

O calendário judaico difere do nosso, pois é regido de acordo com as fases da Lua. Geralmente, os meses iniciam na metade dos nossos, ou seja, entre 13 e 15 do mês do nosso calendário. Além disso, existem dois calendários: o civil e o religioso. O calendário religioso inicia com Nisan e o civil com Tishrei:

Calendário Judaico

Calendário Judaico

O último mês é inserido para balancear a diferença com o calendário solar a cada dois ou três anos. Hoje o calendário é bem diferente com uma série de regras a serem seguidas.

A Páscoa abria o calendário de celebrações, em Nisan, conforme temos abaixo:

Calendário das Festas Judaicas

Calendário das Festas Judaicas

Festas Judaicas

Festas Judaicas

A Festa dos Pães Ázimos (Hag Matzá, no hebraico) ocorre depois da Páscoa, embora o texto do v. 7 de Lucas a coloque antes. Confira em Levítico 23:5,6: “No mês primeiro, aos catorze do mês, pela tarde, é a páscoa do Senhor. E aos quinze dias deste mês é a festa dos pães ázimos do Senhor; sete dias comereis pães ázimos”. Antes de prosseguir, lembremos que Israel é a única nação do mundo que recebeu suas datas comemorativas antes que elas ocorressem!

A Páscoa, propriamente dita, começava no décimo dia (Êxodo 12:3). Neste as famílias adquiriam um cordeiro e observavam por três dias para saber se estava sem defeitos e sem mácula (Êxodo 12:1-6). Podemos imaginar a preocupação dos israelitas com este pormenor. Para as crianças era uma novidade e tanto, um animal de estimação para brincar!

No dia da festa, ao cair da tarde, o pai reunia a família e narrava o livramento de Deus, quando tirou seu povo do Egito. Em seguida, ele matava o cordeiro ou cabrito, para que alimentasse a todos. Diante da objeção de um pequenino o pai poderia indagar: “É este cordeiro ou nós!?”. Imprimindo na alma da criança uma marca indelével de substituição vicária. A partir do 15º dia e por sete dias se dava a Festa dos Pães Asmos, ou Hag Matzá!.

A Última Ceia

Por 32 anos Jesus fora um espectador da festa. Era apenas partícipe junto aos seus discípulos. Porém, nesta Última Ceia ele envia dois de seus discípulos para preparar o Cenáculo e então a encabeça. No momento da cerimônia, Ele afirma: “Desejei muito comer convosco esta Páscoa…”. Mas, espere, que Páscoa?

Primeiro, a mesa. Não era costume dos judeus sentar-se em cadeiras. Eles reclinavam-se (a palavra grega aqui é anakeimai) sobre almofadas e ali comiam pegando a comida com as mãos previamente lavadas. No tempo de Jesus, durante uma refeição, as pessoas limpavam os dedos do molho da carne no miolo do pão e daí jogavam aos cachorrinhos. Por isso a siro-fenícia…

Lembremos que em Êxodo 12, Deus tinha ordenado que os israelitas comessem o cordeiro ou cabrito, assado, não guisado, com pães ázimos e ervas amargas. Com o tempo (não tenho informações de quando) é que o vinho foi acrescentado. No tempo de Jesus era comum três pães e quatro cálices, por influência de Hilel, um dos grandes mestres do Judaísmo. Somente o pão do meio era partido, porém, e apenas uma das metades era dividida entre os presentes e a outra ficava intacta. Contudo, o pão não era fofinho como o conhecemos, pois não tinha fermento, parecia mais um beiju ou uma bolacha. Ressalte-se que ainda hoje é este o pão que os judeus usam!

Matzá - Pão sem fermento

Matzá – Pão sem fermento

Quanto ao vinho, leiam este comentário do Blog Doutrinas Bíblicas[1]: Desde os tempos mais remotos, o vinho, o pão e outros alimentos são freqüentemente mencionados juntos (1 Samuel 16:20; Gênesis 14:18; Cantares 5:1; Isaías 22:13; 55:1). Sendo do uso comum, «o vinho e pão» representavam o sustento essencial do corpo; por exemplo; Melquisedeque deu «pão e vinho» a Abraão (Gênesis 14.18-20; Salmos 14.15). O vinho era parte integrante de banquetes (Ester 1:7; 5:6; 7:2,7,8), de festas de casamento (João 2:2,3,9,10; 4:46), de refeições (Gênesis 27:25; Eclesiastes 9:7), e de outras ocasiões festivas (1 Crônicas 12:39, 40; Jó 1:13,18).

Por que quatro cálices?

Cem anos antes de Cristo o rabino Hilel conquistou a admiração e a ira de seus pares. Ao lado de excelentes interpretações, outras nem tanto. No que diz respeito a Ceia, Hilel ensinava que houve quatro ações de Deus quando livrou o seu povo de Faraó: “E ouviu Deus o seu gemido, e lembrou-se Deus da sua aliança com Abraão, com Isaque, e com Jacó; E viu Deus os filhos de Israel, e atentou Deus para a sua condição.” (Êxodo 2:24,25). A cada uma dessas ações Hilel atribuiu um cálice.

O primeiro cálice era chamado o cálice da santificação, o segundo do juízo, o terceiro da redenção e o quarto do louvor. O ministrante enchia o terceiro cálice um pouco mais e ao dá-lo aos participantes (o cálice era repassado entre todos) ele o entornava, fazendo com que esborrasse. Foi, provavelmente, neste momento que Jesus exclamou: “Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós” (Lucas 22:20).

Após o segundo cálice e ao término da cerimônia os participantes cantavam Salmos, iniciando com o 113.

Uma Nova Aliança

Ouçamos Jonh MacArthur[2]:

Desse momento em diante, aquela última Páscoa se tornou a instituição da ordenação da Nova Aliança conhecida como a Ceia do Senhor. Enquanto comiam, tomou Jesus um pão, e, abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo. A seguir, tomou um cálice e, tendo dado graças, o deu aos discípulos, dizendo: Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados. E digo-vos que, desta hora em diante, não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que o hei de beber, novo, convosco no reino de meu Pai. E, tendo cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras (Mateus 26.26-30).

A Páscoa tinha sido observada em Israel desde a véspera da partida deles do Egito sob Moisés – quase mil e quinhentos anos antes de Cristo. Era o ritual mais antigo da antiga aliança. Precedeu a entrega da lei. Foi instituída antes de quaisquer das outras festas judaicas. Era mais antiga que o sacerdócio, o tabernáculo e o restante do sistema sacrificial mosaico.
Essa noite marcou o fim de todas essas cerimônias e a vinda da realidade que elas prenunciavam. Era a última Páscoa sancionada por Deus. A Antiga Aliança, junto com todos os elementos cerimoniais que pertenceram a ela, estava próxima do seu término com a introdução de uma Nova Aliança gloriosa que nunca se extinguiria.

E assim o capítulo da Última Ceia passou aos anais da história como um dos mais tocantes e profundos das Escrituras. A Igreja relembra tal acontecimento com regularidade, obedecendo à ordem de Jesus: Fazei isto até que eu venha!

[1] http://www.doutrinasbiblicas.com/vinhoceiapascal_t/vinhoceiapascal.htm

[2] MacArthur, Jonh, A morte de Jesus, Editora Cultura Cristã

Aqui um excelente material pescado no site www.monergismo.com

Sobre o autor | Website

Meu nome é Daladier Lima dos Santos, nasci em 27/04/1970. Sou pastor assembleiano da AD Seara/PE. Profissionalmente, trabalho com Tecnologia da Informação, desde 1991. Sou casado com Eúde e tenho duas filhas, Ellen e Nicolly.

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4 Comentários

  1. Fabio Henrique Fidelis de Arujo disse:

    Bom dia! Gostei do material muito proveitoso para nós que gostamos de EBD excelente material

  2. Alexandre Tokiwa disse:

    Paz do Senhor. …matéria muito proveitosa e abençoada.

  3. Ednaldo J. Silva disse:

    Abençoadíssimo material… Conteúdo histórico para um ótimo aprendizado.
    Como se trata de um conteúdo cheio de de figuras de linguagem e simbolismo, bom seria se tivéssemos tempo para expormos mais em sala de aula a correlação dos conteúdos simbólicos de cada um, e o que representam na história:
    O por que do simplificar todo aquele ritual em comer pão e beber vinho?
    Por que representar carne com pão, e sangue com vinho?
    Qual o real significado por traz das figuras do pão e do vinho, Relacionados a carne e o sangue de Cristo?
    Estas e outras perguntas, diante de um bom comentário em classe, certamente ajudará na desmistificação de certos mitos criados em torno desse cerimonial.

  4. Anderson do espirito Santo disse:

    muito bom mesmo.