Por que falta tempo para a pregação da Palavra no culto?

Por que tantas igrejas não dão espaço para a pregação da Palavra de Deus? Seriam os louvores? A quantidade de orgãos? Pense comigo!

Prezados 200 leitores, vocês sabem que temos abordado este assunto aqui no blog. Sempre ressalvei que não sou grande pregador, mas também não sou pedreiro e sei reconhecer uma parede torta. De fato, tem havido pouco tempo para a pregação da Palavra de Deus. Dias atrás fizemos uma enquete aqui, cujo título era: O que te incomoda no culto? Na ocasião 142 pessoas participaram. As respostas eram gradativas de 0 a 10. De 7 a 10, 105 responderam que se sentem incomodados com o espaço da Palavra no culto.

Acesse o post sobre os resultados da enquete: O que te incomoda no culto?

Mas há de ter razões para isso, pensei. Não pretendo esgotar o assunto por hora, mas vão aqui algumas evidências.

1) Há um efetivo desprezo pela Palavra de Deus

Dizemos que a amamos, que gostamos de ler a Bíblia, alguns fazem teologia, outros adensam a biblioteca, etc. Mas no dia a dia a coisa muda de figura. Pouca leitura, pouco estudo efetivo, pouquíssima meditação devocional, apreço por temas chave apenas para causar rebuliço e pouco mais ou nada.

Ressalte-se que tal desprezo é abundante entre a liderança. Já há inclusive aqueles dentre os líderes que enviam sinais trocados. Incentivam estudar e dão espaço e oportunidade a verdadeiras latas vazias! Complicado entender…

2) A tendência a pensar que fogo resolve tudo

Olhemos para a agricultura de subsistência. Queremos destruir rapidamente uma grande área onde as ervas daninhas vicejam? Fogo nela! Mas se nada for plantado as ervas daninhas voltam. Então, o avivamento tão propalado por aí afora é como aquele fogo, acaba com as ervas daninhas, limpa o terreno, revela desníveis, mas é preciso o cuidado intenso do plantio. É preciso usar as sementes certas, plantar da maneira certa, regar e acompanhar meticulosamente o crescimento. É o trabalho da Palavra! Fogo sem Palavra só gera meninice.

Li em algum lugar que o pão da proposição devia ter a medida certa de água e óleo. Pouco óleo e muita água, o pão ficava duro. Muito óleo e pouca água o pão se esfarelava. O que diz a Palavra? Crescei na graça (óleo) e no conhecimento (água) (II Pedro 3:18).

Há muitos anos ouvi o Pr. Napoleão Falcão, em seus tempos áureos dizer: “Desconfie de avivamentos que não levam o crente para o trabalho! Crente avivado se dispõe a fazer a Obra. O mais é fogo de palha”. O avivamento por encomenda não traz fome da Palavra de Deus!

3) A excessiva quantidade de orgãos de louvor

Daí é preciso dar oportunidade a todos eles. Mais de uma! Só por mágica o tempo não corre. Com os três hinos iniciais corriqueiros (15 minutos), mais os avisos (10 minutos), leitura e oração (10 minutos), o intervalo entre as oportunidades (10 ou 15 minutos), se tivermos cinco orgãos com duas oportunidades (10 x 5 minutos = 50 minutos), uma coisa ou outra, só sobram 15 minutos mesmo ou menos!

E novos grupos são criados todos os dias nas igrejas. E aí ou o culto inicia às 17:00h, para se ter quatro horas pra tantos hinos, ou se esmaga o tempo da Palavra sem pudor!

4) O enfado de muitas audiências com a Palavra de Deus 

Não é novidade que algumas ovelhas escolhem pastos ruins. Cabe ao pastor levar seu rebanho aos pastos verdejantes (Salmos 23:2). É isso que diz a Bíblia. Ou eu perdi alguma aula? Pastos ruins significam desnutrição e raquitismo espiritual. Muitos líderes, na tentativa de reter a plateia, dão pouco espaço à pregação da Palavra, para não cansá-la. Isso revela infantilidade espiritual e falta de compromisso com a Igreja que o Senhor nos confiou.

Se algumas ovelhas reclamam com o tempo dado à Palavra o bom pastor dá melhores pastos e não diminuiu a quantidade ou qualidade. Muitas vezes é aí que está o problema: falta qualidade na pregação. As ovelhas ficam enfastiadas.

5) Preguiça com o preparo da Palavra de Deus

Este é um grande mal. O bom cozinheiro tem prazer de preparar a comida. Infelizmente, muitos líderes já não tem prazer de preparar um bom sermão (muitos nunca tiveram!). Daí é muito mais cômodo empanturrar a audiência com hinos e outros badulaques, disfarçados de adoração, para que sobre pouco tempo e o faltoso não fique exposto.

Muitas vezes se fala algumas línguas estranhas, que são estranhas ao Espírito Santo mesmo, para afetar poder, se grita algumas frases de efeito, salteia no púlpito pra lá e pra cá. E acabou o horário se completa. Daí é só ir embora pra casa, supostamente, com a missão cumprida.

Concluindo…

Há outras razões mas o tempo me escorre pelas mãos… Devemos estar alertas porque este desleixo com a Palavra tem custado a vida de muitas ovelhas. Certamente, Deus exigirá dos responsáveis.

Sobre o autor | Website

Meu nome é Daladier Lima dos Santos, nasci em 27/04/1970. Sou pastor assembleiano da AD Seara/PE. Profissionalmente, trabalho com Tecnologia da Informação, desde 1991. Sou casado com Eúde e tenho duas filhas, Ellen e Nicolly.

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8 Comentários

  1. Dalardier.

    Existem louvores que podem ser considerados boas pregações, no formato cantado; existem pregações que são ótimos soníferos, monólogos sem nenhuma inspiração.

    Eu sinto mais a presença de Deus, falando comigo, orando e lendo a Bíblia em casa do que ouvindo alguns pregadores na igreja. E sinto mais prazer em participar de louvores, ao vivo, nas reuniões de culto do que colocando CDs para escutar em casa.

    Não penso que este meu modo de ser seja falta de amor pela Palavra ou desprezo pelo ministério de quem é pregador. Mas, não posso deixar de dizer que está faltando gente que busque mais conhecimento bíblico! Os pregadores estão se repetindo demais, se copiando uns aos outros demais, falta originalidade e mais afinco ao preparo da boa pregação.

    É claro que não devemos deixar de lembrar das valiosas exceções, e graças a Deus elas passam bastante no púlpito da igreja que congrego, meu pastor ama e se esforça para não ser prolixo ao entregar a Palavra de Deus, seja como mestre ou evangelista.

    Abraço.

  2. Húmus disse:

    COMPLETUDE: É muito difícil alcançá-la, quando temos vários níveis intelectuais e espirituais, haja vista a variedade de inovações que sempre desliza pra mesma vala. (necessidade de pertencimento de uma comunidade mesmo que sem conteúdo), aí muitos se vão, navegam em muitos progressos de outros matizes, (não congregacionais) cansam-se, realizam-se, envelhecem, voltam e sossegam; sossegam não por que haja melhorado o ambiente depois de décadas, pois tudo continua com as mesmas peripécias, o espirito ansioso é que se aplacou, CONCLUO: Que se há de vigiar continuamente, porém solução heroica acho que não existe. Acho me bastante desiludido.

  3. Miqueas Cipriano disse:

    Minha oração é que nunca canses de abordar esse assunto, pois, eu já cansei. Hinos não, uma salada de miojo, é o que tem sido servido em nossos cultos. Estudamos, oramos e pedimos a unção do Espírito Santo para a ministração da palavra e Ele nos dar. Acho porém, que exigir que o Espírito Santo faça o milagre de transmitirmos uma palavra de 50 minutos em 10 minutos, é pedir demais. Nem o Profeta Jonas, maior recordista em evangelismo em massa é capaz de acompanhar a liturgia de nossos cultos.

  4. Patricia Nobile disse:

    Legal

  5. José Ronaldo de Lima Gonçalves disse:

    Excelente reflexão! Tomara Deus que todas as igrejas dessem o devido respeito à Palavra de Deus.

  6. André Luiz disse:

    É simples a palavra não tem sido mais prioridade!

  7. Marcelo disse:

    Nós só valorizamos aquilo que amamos.

  8. Edinaldo Bernardino disse:

    Além disso, passou a ter força dentro dos templos uma conveniência familiar, onde se prioriza às oportunidades de acordo com o grau de parentesco ou de aproximação. Isso termina agravando ainda mais o problema.